Ativista pelas causas das comunidades negras e LGBTQI+, desde os 18 anos. Nasceu na Ilha do Fogo, em Cabo Verde, onde atualmente também reside. Em maio de 2019, juntamente com a amiga e parceira de lutas sociais Soraya Santos, fundou o Coletivo Kabu Koloridu, com o objetivo de visibilizar a comunidade LGBTQI+ de Cabo Verde. O foco principal das iniciativas do Coletivo, que se mantém de forma autônoma e online, é reafirmar que a comunidade negra sexualmente dissidente existe e resiste em todas as ilhas, em todos os países africanos.
No Kabu Koloridu, abordam-se temas relacionados ao universo LGBTQI+, tais como saúde mental da população negra LGBTQI+, invisibilidade dos homens gays negros, maternidade lésbica negra, saúde sexual de mulheres que se relacionam com mulheres, bem como produz entrevistas com membros da comunidade LGBTQI+ que vivem na Ilha do Fogo.
No princípio, no canal do YouTube, no Instagram e no Facebook do Kabu Koloridu, Deicilene Gomes, mediadora de todas estas redes virtuais, comunicava-se em língua portuguesa. Mas logo perguntou-se por que não falar em crioulo, tendo em vista que a maior parte do público que acedia seus conteúdos era cabo-verdiano. Foi então, que por meio da sua língua, da língua que representava o seu povo e a sua cultura, passou a aproximar-se ainda mais de quem já a acompanhava, o que culminou com o apoio da comunidade negra LGBTQI+ cabo-verdiana às iniciativas do Coletivo Kabu Koloridu.
Enquanto fundadora do Coletivo Kabu Koloridu, compreende a importância da articulação, auto-organização e criação de espaços (físicos e virtuais) representativos para e com a comunidade que faz parte. Ela menciona que, cotidianamente pessoas negras LGBTQI+ são extremamente estigmatizadas e apontadas como monstros. No entanto, mesmo com todas as dificuldades, continuam a batalhar por espaços que proporcionem um sentimento de pertença, sentimento de estar em casa, a todas as mulheres negras lésbicas e bissexuais, aos gays negros, as pessoas intersexuais negras, as travestis e transsexuais negras, especialmente nos países africanos. Segundo Deicilene Gomes, a luta pela criminalização da LGBTfobia e a luta contra o racismo deve se dar de forma conjunta. E lembra, “mulher negra e lésbica, seja feliz por viver e ser quem és”.