Fez o curso de Filosofia na Universidade Católica de Angola, enquanto trabalhava como empregada de limpeza e vendia churrasco, sopa e cerveja na rua. Cresceu longe da mãe e ficou órfã de pai, foi educada pelos tios paternos, que custearam os seus estudos até ao décimo ano, altura em que precisou procurar soluções para financiar os estudos.
Iniciou-se no ativismo em 2011, no “movimento revolucionário”, sendo uma das poucas mulheres que lutava contra a corrupção do partido que governa Angola há mais de 40 anos, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), presidido, na altura, por José Eduardo dos Santos.
Em 2014 foi brutalmente espancada pela polícia nacional angolana por se encontrar numa manifestação a tirar fotografias, como “repórter cívica”, e em 2016 foi constituída arguida no processo que ficou conhecido pelo “processo 15+2”, por se encontrar no grupo dos 17 jovens que lia o livro “Da Ditadura para a Democracia”, de Gene Sharp. O primeiro caso valeu-lhe ter sido expulsa de casa pela família, que não a queria envolvida em política e o segundo a uma condenação de quatro anos e seis meses de prisão efetiva, por crimes de “atos preparatórios de rebelião e associação de malfeitores”, num julgamento que, segundo a Amnistia Internacional, violou todas as normas internacionais que regem um julgamento justo.
Atualmente é uma das líderes do movimento de defesa dos direitos das “zungueiras” (vendedoras ambulantes), colabora com o projeto Central Angola 7311, que documenta e torna públicas as violações de direitos humanos em Angola e é, desde a sua fundação, em 2016, coordenadora do único coletivo feminista do país, o Ondjango Feminista, cuja grande conquista foi conseguir travar a lei que pretendia proibir o aborto em todas as circunstâncias.