Giancarlo Gevu dos Santos
Maria Priscila Pessanha de Castro
Elis de Araújo Miranda
Este trabalho consiste em uma análise das representações e dos significados associados ao conceito de gênero que prevalecem nos futuros professores de Física. No cenário pós-estruturalista, o conceito de gênero é pluralizado e toda essa dinâmica social exerce influência entre os profissionais de educação que atuam em escolas de níveis fundamental e médio. O debate sobre gênero na escola, legitimado por documentos como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), se torna uma demanda transdisciplinar. A pesquisa foi realizada nos cursos de Licenciatura em Ciências da Natureza com habilitação em Física (Instituto Federal Fluminense – IFF/Campos) e Licenciatura em Física (Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro – UENF). Ambos os cursos são oferecidos por instituições públicas de ensino, localizadas na área urbana do município de Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro/Brasil. O município de Campos destaca-se por apresentar a maior população do interior do estado e pela presença de três universidades públicas. Além disso, apresenta um perfil social predominantemente conservador, de base cristã (católica e evangélica) e baixo índice educacional, com menos de 50% da população com o segundo grau completo (dados do Instituto Anísio Teixeira, 2018). A coleta de dados foi realizada por meio de questionários, aplicados em concordância com as coordenações de curso e dos entrevistados. Os resultados sugerem uma diferença entre os cursos do IFF e da UENF. No primeiro, há maior resistência à abordagem da temática, o que indica um perfil mais conservador que o da UENF. No contexto em que a omissão das instituições de ensino em relação aos temas gênero e minorias é interpretada como cumplicidade e forma oculta de preconceito, os resultados para ambos os cursos analisados corroboram com a perspectiva de que as Licenciaturas precisam inserir de forma institucionalizada essas discussões em suas matrizes curriculares. Além disso, grande parte dos entrevistados não conhecia o significado da sigla LGBTQI+. Os que conheciam, limitavam o entendimento às letras L e G (referência às lésbicas e aos gays), ignorando o reconhecimento da bissexualidade e das demais identidades de gênero, representadas pelas letras BTQI+.
Palavras-chave: Gênero; Licenciatura; Física; Docência.