Anna Clara Petracca
Em paralelo à segunda onda do feminismo, que se desenvolveu a partir da segunda metade do século XX, houveram manifestações contra regimes opressivos, além da revolução sexual. A performance artística relacionou-se cada vez mais com questões de identidade política, de gênero e sociais, por seu caráter experimental e de potência geradora de catarses mais viscerais, através da permissão de encontros diretos com a sociedade. Dessa forma, a arte feminista e a performance artística se cruzaram, aproximando a relação entre obra e artista, considerando suas subjetividades identitárias e políticas dentro da linguagem, além de elementos e características da performance. Assim, este artigo busca apresentar um estudo de reflexão sobre a busca pela identidade em um contexto de instabilidade política através da arte performática. Para isso, é feita uma breve revisão teórico-histórica dos temas que estruturam a discussão: ativismo feminista, identidade política e de gênero e suas possíveis relações com a criação e performance, e o uso do próprio corpo como meio de expressão artística (body art). Além da revisão teórica, é elaborada uma análise sobre a criação artística de Ana Mendieta (1948-1985), artista cubana, refugiada nos Estados Unidos durante o regime de Fidel Castro, e Coco Fusco (1960-), artista de nacionalidade cubana e norte-americana, que teve sua mãe exilada de Cuba durante a Revolução. A partir dos aspectos analisados nesta pesquisa, é possível compreender um pouco da busca pela identidade através da arte performática num contexto de instabilidade política, utilizando como método a revisão teórica e análise de obras artísticas, abrindo espaço para futuras discussões sobre o tema.
Palavras-chave: Performance artística; Política; Feminismo; Ana Mendieta; Coco Fusco.